Após a abolição, a exploração do trabalho infantil tornou-se uma prática recorrente entre a elite brasileira. Em Ribeirão Preto, antigos senhores de escravizados, com respaldo do sistema judicial, passaram a empregar os filhos de seus ex-escravizados e também crianças brancas de famílias pobres. Em troca, ofereciam vestimentas, assistência médica, acesso à educação e uma modesta remuneração. Essas crianças, antes percebidas como ingênuas ou vulneráveis, passaram a ser classificadas pelo sistema como órfãs desprotegidas. Por meio de contratos de soldada ou acordos de tutela, muitas foram direcionadas a trabalhos domésticos ou agrícolas. Esse cenário destacou a atenção para crianças e adolescentes pobres e em situação de abandono, já que a ideia de empregá-los para afastá-los da marginalização alinhava-se ao discurso de escassez de mão de obra e às novas concepções de trabalho no contexto pós-abolição e imigração. Entre essas crianças, destacam-se Maria e Antônio cujas vidas serão exploradas por meio de uma metodologia documental, qualitativa e arquegenealógica, revelando fragmentos de suas existências. Seus protagonismos serão os objetivos centrais deste estudo.
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