Devido à reconfiguração da política de drogas no ano de 2019, foram retomadas pautas que retrocedem avanços no tratamento oficial de usuários de drogas, como as de prioridade da abstinência e internação forçada. A fim de compreendermos os referenciais de pensamento acessados pelos legisladores para sustentarem tais medidas e a força de noções consensuais sobre as drogas no debate legislativo, este artigo teve como objetivo analisar as memórias e as representações sociais de legisladores federais sobre uso de drogas. Para tanto, coletamos os discursos sobre o tema proferidos por senadores(as) e deputados(as) e os analisamos com o auxílio da técnica de Análise de Conteúdo categorial temática. Verificamos a essencialização, pelo grupo, das drogas como “mal”, sua caracterização como “problema” e de seu consumo como uma “epidemia”, que justificam o “combate” à essas substâncias e respaldam o “tratamento espiritual” dos dependentes, assim como sua “reinserção social”, mediante o confinamento em comunidades terapêuticas em detrimento do tratamento nas instituições públicas de saúde.
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